De forma geral, a abordagem dos ODS reflete o compromisso global com o desenvolvimento sustentável, buscando atender às necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades, de tal maneira que seja economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto. Observa-se que as percepções e implementações dos ODS ao redor do mundo variam significativamente devido a uma série de fatores, como diferenças culturais, políticas, econômicas e sociais entre os países, o que implica em adaptações as realidades locais. Sem dúvidas, em muitos países, governos, organizações da sociedade civil, setor privado e cidadãos reconhecem os ODS como uma ferramenta crucial para orientar políticas e práticas em direção ao desenvolvimento cada vez mais sustentável.

Apesar do reconhecimento da importância dos ODS, a falta de recursos financeiros, capacidade institucional e de governança limitadas, conflitos e instabilidade política, desigualdades sociais e econômicas, mudanças climáticas e degradação ambiental são grandes desafios enfrentados por alguns países para adoção e implementação eficaz dos ODS. Nesse cenário, que traz os ODS dentro de um escopo amplo que, como exposto, é complexo, a contribuição dos animais domesticados ou selvagens para um desenvolvimento sustentável não é reconhecido, tampouco explicitado (Keeling e colaboradores, 2019). No entanto, há áreas
onde os animais desempenham um papel importante nesse contexto, incluindo por exemplo segurança alimentar, transporte, empregos e meios de subsistência. Assim como uma série de desvantagens associadas ao crescimento contínuo da população e a necessidade de intensificação da produção animal, que podem incluir, desafios ambientais (emissões de gases, poluição da água e do solo e danos aos ecossistemas), desafios ao bem-estar dos animais (estresse e tentativas de adaptação a um sistema que não atende suas necessidades básicas) e desafios para a saúde humana e animal (doenças zoonóticas e uso inadequado de antimicrobianos e anti-helmínticos).

A relevância do bem-estar e da saúde animal e suas interconexões com os humanos é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pela Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) e a Organização Mundial de Saúde (WHO), que desde 2010 compartilham responsabilidades e coordenam atividades globais para lidar com riscos à saúde considerando as relações entre animais, humanos e ecossistemas.