Marie Tarrisse, gerente senior de impacto social e desenvolvimento sustentável da Arcos Dorados, franquia que opera o McDonald’s, explica práticas da empresa contra o desmatamento nos fornecedores de carne
Na prática, o que a Arcos Dorados faz é uma etapa de checagem própria, que pode ir além dos critérios de cada frigorífico. Desde a criação da Política de Abastecimento de Carne Livre de Desmatamento, em 2018, a empresa afirma ser a única do setor de restaurantes a realizar o monitoramento via satélite das fazendas fornecedoras de carne bovina. Em 2022, 9,6 milhões de hectares foram monitorados no Brasil, divididos em mais de 8 mil fazendas e 5,6 milhões de animais.
O trabalho é realizado em parceria com a plataforma de soluções digitais Agrotools, que a partir da geolocalização verifica dados públicos das fazendas em relação ao uso da terra, trabalho digno, compliance, entre outros. “A partir dos dados realizamos uma reunião mensal com o time de qualidade, de compras e de sustentabilidade. A compra acontece todos dias e as fazendas e forncedores mudam. Assim, assumimos esse controle para além do que o frigorífico monitora para garantir que não há nenhum tipo de desmatamento, uso de terra de povos orginários e outras irregularidades”, afirma.
Para Breno Félix, diretor de produto da Agrotools, os maiores aprendizados nesta jornada com Arcos Dorados, se devem a implementação com uma abordagem colaborativa e muito próxima dos fornecedores de matéria prima. “A busca incessante pela padronização de processos e por excelência nos resultados nos estimulam no caminho da melhoria contínua. Essa parceria fortalece o olhar responsável do negócio e contribui para um ambiente de cooperação e progresso sustentável”, diz.
A política e o monitoramento refletem as premissas da Receita do Futuro, estratégia ESG da Arcos Dorados, que tem entre seus objetivos a meta de eliminar o desmatamento da cadeia de abastecimento até 2030. A empresa também conta com o apoio da Proforest, importante ONG internacional que atua na preservação do meio ambiente, na aplicação de suas políticas e está presente em grupos de discussão sobre o tema, como é o caso da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável no Brasil.
Além disto, a agropecuária é um dos setores que mais emitem gases causadores do efeito estufa. Assim, para além do desmatamento, é preciso olhar as emissões. “No ano passado emitimos o Sustainability Linked Bond (SLB), que associa um instrumento financeiro aos objetivos ambientais”, afirma Marie. O bônus foi atelado à meta previamente estabelecida pela companhia de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 36% em sua operação própria e em 31% em sua cadeia de fornecimento até 2030, sendo que em ambos casos, serão utilizados dados absolutos de 2021 como base.
“O animal vive em média três anos antes de ir para o abate. Isto significa que, quando falamos de escopo 3 (relacionado aos fornecedores) precisamos de um esforço agora para alcançar a meta do médio prazo. Estamos trabalhando em projetos de mudança de pastagem e alimentação bovina para diminuir as emissões”.