O Frigol, quarto maior frigorífico de bovinos do Brasil, acaba de aderir ao Protocolo de Monitoramento Voluntário de Fornecedores de Gado no Cerrado, no intuito de seguir uma conduta socioambiental pautada por diretrizes do documento, para a compra de produtos de origem bovina no bioma.
As gigantes JBS, Marfrig e Minerva Foods participaram da mesa de negociações para a construção do texto do protocolo, mas o Frigol foi a primeira grande companhia a anunciar sua implementação, de acordo com informações do Imaflora e da Proforest que estão à frente da iniciativa.
Para a Frigol, sempre foi de extrema importância a garantia de origem e a promoção da rastreabilidade socioambiental dos produtos de maneira transparente. Por isso, realizamos o monitoramento de 100% de nossos fornecedores diretos em todos os biomas onde atuamos e levamos essas informações a clientes e consumidores por meio dos QR Codes constantes em todas as nossas linhas de produto, tanto para o mercado interno quanto externo”, disse Carlos Corrêa, diretor administrativo e de sustentabilidade da empresa.
Segundo Isabella Freire, codiretora da América Latina da Proforest, o Frigol participou das consultas a especialistas e do protocolo-piloto para avaliar o impacto para a cadeia de fornecimento. Atualmente, eles são observadores do Conselho Deliberativo do Protocolo.
“Estão saindo à frente com a implementação do Protocolo do Cerrado, um importante passo para mostrar à cadeia da carne que é possível conciliar conservação e produção neste bioma”, afirmou Freire.
O documento está estruturado em 12 critérios, cobrindo um leque de elementos sociais e ambientais relevantes para a compra responsável de gado. Alguns dos itens analisados são a conversão ilegal de vegetação nativa; terras indígenas; territórios quilombolas; Cadastro Ambiental Rural (CAR); Guia de Trânsito Animal (GTA), produtividade, entre outros.
Objetivos
Lisandro Inakake, coordenador de Cadeias Agropecuárias do Imaflora, acrescentou que a ideia é adaptar as premissas já existentes no protocolo de monitoramento de compra de gado na Amazônia, o Boi na Linha, ao bioma do Cerrado, respeitando as especificações da região.
“O grande desafio é conseguir um documento único que entenda as diversas particularidades do Cerrado”, disse ele. Isso justifica o fato de que o texto do protocolo está passando por uma nova revisão, que será concluída ainda neste ano, a fim de adaptá-lo ao cenário da cadeia produtiva.
Conforme Inakake, em um segundo momento, a ideia é replicar as premissas do protocolo para os demais biomas do Brasil.
Na ponta da demanda, exigências como a nova lei da União Europeia, que impede a importação de produtos ligados ao desmatamento, contribuem para acelerar a necessidade de avanço nos níveis de rastreabilidade no Brasil.
“No caso do protocolo, essa oportunidade pode sim ajudar a impulsionar a implementação (…) e colocar um ritmo maior no avanço das nossas leis”, disse.
Fonte: Globo Rural