A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) participou, nos dias 25 e 26 de junho, em Oslo, na Noruega, do Fórum sobre Florestas Tropicais de Oslo (OTFF). Trata-se da principal conferência global sobre o tema, e reúne atores políticos, instituições multilaterais, setor financeiro, sociedade civil, povos indígenas e setor privado em busca de ações na proteção das florestas tropicais. A conferência é organizada pela Norad, a Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento, em nome da Iniciativa Internacional Norueguesa para o Clima e Florestas (NICFI). A convite da Tropical Forest Alliance e do Fórum Econômico Mundial, a Abiec participou de um painel no evento, abordando a sustentabilidade e a rastreabilidade da pecuária na proteção de florestas tropicais no Brasil, e a transição do setor neste sentido.
Além do diretor de Sustentabilidade da Abiec, Fernando Sampaio, participaram do painel José Octavio Passos, da ONG The Nature Conservancy, Raoni Rajão, diretor de Políticas de Controle de Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, Leila Harfuch, sócia-gerente da Agroicone, Mauro O’de Almeida, secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Governo do Estado do Pará, Jack Hurd, diretor executivo TFA, da WEF, Toby Gardner, diretor da SEI e Trase, Maggie Charnley, chefe da Unidade Internacional de Florestas, Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido e Alice Gargano, Gerente Global de Florestas e Terras, da Mars Global Petcare.
Para a Abiec, a demanda mundial continuará a aumentar, impulsionada pelo aumento de população e renda em países emergentes. O desafio está em conciliar a contribuição do país à segurança alimentar global com ações de mitigação à crise climática e de biodiversidade. A pecuária brasileira, dentre os diversos grupos de commodities produzidos em regiões tropicais, é a que mais se correlaciona com desmatamento, segundo os dados apresentados. Na sequência, o óleo de palma da Indonésia.
“Falar de uma transição na cadeia da carne brasileira significa continuar produzindo, mas reduzindo impacto. Para isso precisamos atuar, principalmente, para acabar com a ilegalidade e promover a implementação do Código Florestal, e ter a rastreabilidade como ferramenta para adicionar garantias ambientais às garantias sanitárias na carne brasileira”, afirma Fernando Sampaio. Em contrapartida, segundo o diretor, “é preciso promover uma maior eficiência na produção, e entendemos o mercado como um motor de eficiência na produção. É por estarmos inseridos em um mercado global que a nossa produtividade aumentou em 183%, nas últimas três décadas”, pondera.
Acelerar essa transição é a questão. Abiec e Agroicone têm liderado um esforço de consulta e engajamento do setor para identificar ações prioritárias para a transição. Entre essas, assistência técnica, regularização ambiental e financiamento e inclusão de produtores. “Atrair investimentos para essa transição é crucial para garantir aumento de produtividade e redução de emissões na cadeia. Hoje o setor financeiro tem aversão ao risco representado pela pecuária brasileira. É preciso desfazer essa imagem”, defende Sampaio. Ainda de acordo com ele, países e organizações que são capazes de mobilizar finanças públicas e privadas para a proteção de florestas também devem ajudar a viabilizar a transição na produção pecuária, colocando o produtor e suas necessidades no centro das discussões.
Fonte: Notícias Agrícolas