Para apoiar os produtores rumo a uma produção pecuária de baixa emissão de carbono estimulada na cadeia, a Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, por meio de seu Grupo de Trabalho (GT) de Clima, elaborou em 2022 diretrizes e práticas para redução da emissão de carbono no campo, ou seja, dentro da porteira.
O objetivo foi, e ainda continua sendo, estimular e orientar quanto às opções disponíveis para reduzir a pegada de carbono, ou seja, reduzir e mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) associadas à produção de um produto ou serviço, começando com atividades simples.
A pecuária pode ser parte da solução, se bem conduzida com práticas de manejo sustentáveis, pois além de reduzir as emissões, consegue remover o carbono. Ao analisarmos as emissões de GEE da agropecuária, é essencial considerar o balanço entre emissões e remoções de carbono, evitando penalizar operações produtivas que contribuem para a captura de carbono, como a agropecuária. A agropecuária, juntamente com as florestas, são os únicos setores produtivos capazes de remover carbono da atmosfera.
As particularidades da produção tropical muitas vezes são ignoradas em avaliações internacionais que favorecem critérios do hemisfério norte, agravando as desigualdades climáticas. Com a agenda climática global em foco, a precisão na medição das emissões é crucial, e o Brasil deve se posicionar como referência nesse debate.
Ressaltamos a importância da ciência para o avanço das discussões e as melhores tomadas de decisões, bem como a importância da tropicalização das métricas internacionais, afinal o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de GEE em 50% em 2030. A depender da métrica utilizada, pode-se aumentar ou reduzir a diferença esperada, e a pecuária tem um grande potencial. de se tornar um sumidouro de carbono, fortalecendo a capacidade de adaptação do país aos riscos associados às mudanças climáticas, principalmente na adoção de boas práticas para uma produção bovina de baixa emissão de carbono.
DIRETRIZES
- Cumprir as leis ambientais;
- Reverter o processo de degradação e acelerar a recuperação de pastagens;
- Promover o uso racional dos insumos e práticas regenerativas, reciclagem de nutrientes e a fixação de carbono no solo e no estrato arbóreo;
- Continuar melhorando a relação de quilo de carne/leite produzido por quilo de carbono emitido através do aumento do desfrute do rebanho;
- Aumentar o uso de energia renovável e controlar o uso de combustível fóssil na fazenda.
- Respeitar o código florestal;
- Cuidar das APPs e da reserva legal;
- Evitar o desmatamento e a supressão de arvores;
- Recuperar áreas desmatadas ilegalmente, programa de controle e recuperação de área erodida;
- Realizar o ajuste de lotação e da relação oferta versus demanda, seja em sistema contínuo ou rotacionado, que proporciona a oferta necessária de MS para os animais, evitando compactação e a degradação por mau manejo;
- Evitar ao máximo o revolvimento do solo sob pastagem;
- Fazer um plano de reforma e recuperação de pastagens degradadas;
- Usar racionalmente produtos químicos que reduzam a atividade biológica;
- Promover o incremento da fixação biológica, da biodiversidade e o enriquecimento do micro bioma;
- Utilizar corretamente os insumos que promovam o incremento da produtividade das pastagens, como: análises de solo, calagem, fertilizantes, escolha das espécies forrageiras e irrigação, priorizando a relação benefício/custo na escolha dos locais e evitando o desperdício do que for produzido;
- Promover o bem-estar e saúde animal, o melhoramento genético, o bom manejo nutricional e o uso de tecnologia que melhoram o desempenho e reduzam o tempo do nascimento ao abate;
- Usar sistemas de produção intensificados como ILP e ILPF;
- Aumentar o uso de energia renovável (principalmente as oriundas da fotossíntese);
- Controlar e maximizar a eficiência no uso de tratores e máquinas;
- Usar biodigestores para produção de energia renovável na forma de biogás (tratamento de dejetos para mitigação de CH₄).
O GT de Clima vem desempenhando um papel fundamental na promoção de práticas sustentáveis na pecuária brasileira. Em seu primeiro ciclo, realizado em 2022, foram alcançados avanços significativos: definição de termos e conceitos, estabelecimento de diretrizes para uma produção de baixa emissão de carbono e assinatura de Termos de Compromissos. Em fevereiro de 2024, o GT voltou com o objetivo de aplicar estratégias para uma pecuária de baixo carbono em toda a cadeia produtiva, se propondo a consolidar o potencial do crédito de carbono para o agronegócio sustentável e endossar as métricas de emissão e remoção de GEE da pecuária brasileira.Para saber mais informações sobre o mercado de carbono, acesse: