Há poucos dias na COP26, em Glasgow na Escócia, o Brasil assinou um acordo que prevê a redução da emissão de metano em 30% até 2030.
No mundo, 44% das emissões desse gás são oriundas da agropecuária, 37% de processos de geração de energia e 19% do descarte de resíduos¹.
Para 2021, previsões indicam que o agronegócio deverá representar 30% do PIB nacional². Parte dessa participação do setor no PIB brasileiro é fruto da exportação da carne de gado.
Entendendo a relevância da proteína na economia do país e, por consequência, o tamanho do rebanho bovino em território nacional, fica claro que o principal caminho para cumprir o acordado é atuar diretamente na pecuária, mais especificamente na fermentação entérica, ou, no popular, no arroto do boi.
Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações mostram que o processo digestivo do gado é responsável por 19% das emissões nacionais³.
No entanto, pesquisas e práticas já demonstram que a pecuária pode sim reduzir essas emissões e contribuir de maneira robusta para o alcance das metas e, consequentemente, para a diminuição do aquecimento global.
Algumas medidas que podem auxiliar o produtor a reduzir ou balancear as emissões já estão sendo amplamente disseminadas.
Alguns bons exemplos são as práticas para a recuperação de pastagens degradadas; sistemas integrados de produção como lavoura-pecuária, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta; uso de bioinsumos; manejo dos resíduos da produção animal; redução da idade de abate; aumento da produtividade, entre outros.
No entanto, não basta botar a culpa no produtor e não haver ações para possibilitar que ele tenha acesso a mecanismos para a melhoria da eficiência do sistema de produção e para a intervenção na fermentação do boi.
Os técnicos de campo precisam ser conscientizados e capacitados nessas novas tecnologias para que saibam levam informação consistente aos produtores rurais.
Posteriormente, é imprescindível que haja incentivos financeiros e políticas públicas que contemplem a questão.
Além disso, é essencial incentivar e financiar a pesquisa, porque é a ciência que nos mostra o caminho para resultados cada vez mais efetivos.
Há urgência na tomada de novas medidas, mas a redução das emissões e o cumprimento desse acordo demanda uma ação conjunta e não apenas cobrança em cima do campo, mas em todos os setores como dos resíduos, de energia, da indústria etc.
¹WRI 2018, emissões globais de metano 8,06Gt em CO2eq. Disponível em:
²PIB do Agronegócio Brasileiro – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP. Disponível em:
³Sistema de Registro Nacional de Emissões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações Sistema de Registro Nacional de Emissões. 4º Inventário Nacional, 2016. Disponível em:
Fonte: Portal DBO