Quando se escuta algo sobre como a Europa se manifesta e percebe as questões ambientais brasileiras, geralmente as falas causam algum desconforto aos brasileiros que estão envolvidos com setor primário. O sentimento é causado pelo desconhecimento do compromisso que muitas dessas pessoas tem com o bem comum.
A relação entre a origem dos alimentos e a forma em que estes vêm sendo produzidos está em sua consciência norte europeia, sempre desafiados a produzir mais com menos, mais produtos e menos insumos e serviços. O consumo que está ligado diretamente a qualidade do alimento, envolve a origem sanitária, nutricional e socioambiental.
O produto pecuário brasileiro chama atenção de qualquer país pela qualidade e preço. Mas muito se especula sobre a origem dos animais abatidos no Brasil, o que dificulta a relação com outros países.
A constatação da origem do produto pecuário, seja carne, miúdos, couro ou subprodutos como farinhas e gorduras, afere a essa origem não somente o local de industrialização, mas de onde veio aquele animal, quais foram as condições de vida, com o que se alimentou, como foi tratado de possíveis doenças, qual o impacto deste ao ambiente no qual foi criado e qual a qualidade desse ambiente produtivo?
Há especulações de que bezerros estão sendo produzidos em áreas degradas por desmatamento ilegal, e estando isso relacionado as alterações climáticas e à antropização das florestas tropicais, e no caso do Brasil, à mais famosa, gigantesca e valiosa Amazônia.
Trazendo a origem dos produtos, existe o risco de críticas, mas não acusados de esconder. A desconfiança causa mais dano, que os eventuais problemas reais da produção bovina. Esforços vêm sendo feitos por diferentes entidades no Brasil para mudar isso, levando informação ao setor produtivo como o GTPS.
O resultado da equação, sociedade amadurecida, com estabilidade social, e histórico de engajamento ambiental por décadas, e relação entre alimento e saúde pública, mais impostos e usos de serviços públicos, resulta em um posicionamento direto quanto a rastreabilidade de produtos oriundos de áreas reconhecidamente afetadas por estas práticas danosas a sociedade.
A insanidade da consciência do consumo, ocorre ao passo que essa realidade, norte europeia, entra em contato com a cultura brasileira, sem falar na lei de Gerson, porque no Brasil hoje não existe obrigação legal que determine esta identificação de fornecedores indiretos, criando um risco certo de quebra de confiança de mercado, com todas as consequências econômicas e as políticas internacionais. Assim, isso tudo irá recair sobre o pecuarista, que se de bom senso desde já, vai realizar a identificação do seu rebanho e informar a origem, garantindo sua permanência no mercado global.
O resultado desejável para este mercado é pagar por um filé que tenha segurança agronômica, sanitária, ambiental e social. Se pensarmos, em tese, isso deveria ser ofertado desde o início, porque é o certo, simples assim e sendo que é certo o produzir com origem e a declarar.
Fonte: Feed&Food