O GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável – acaba de atualizar a ferramenta GIPS – Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável – destinada ao setor produtivo, que tem por finalidade orientar o pecuarista sobre indicadores da sustentabilidade, dentro e fora da porteira. O lançamento da versão 2021 será no primeiro mês do próximo ano, contendo 35 indicadores, que auxiliarão o produtor rural a avaliar o nível de sustentabilidade da propriedade, junto de orientações para avançar no desenvolvimento de uma pecuária sustentável.
O GIPS passou por reformulação para tornar a linguagem mais acessível, objetiva e para facilitar o preenchimento, por parte dos pecuaristas. A edição atual, 2019, continuará disponível para as outras categorias da cadeia de valor da pecuária como indústrias, empresas do varejo e restaurantes, empresas de insumos e serviços, instituições financeiras e organizações da sociedade civil.
“O GIPS aponta quais indicadores devem ser melhorados e sugere como isso pode ser feito, com base na legislação brasileira, protocolos de boas práticas e em princípios globais de sustentabilidade, sendo um instrumento de gestão e mensuração para a pecuária”, explicou o presidente do GTPS, Caio Penido, ao assegurar que o programa é destinado tanto aos pecuaristas que acabaram de iniciar sua jornada, quanto aos que têm resultados para demonstrar. Os dados são confidenciais e os indicadores são aplicáveis a todos os elos da cadeia.
A edição que passou por reformulação possuía 44 indicadores para o setor produtivo. “Mantivemos na nova versão cinco questões relacionadas à gestão, cinco para o princípio de comunidades, sete para trabalhadores, nove para meio ambiente e outras nove para cadeia de valor. Aproveitamos para englobar novos temas, como inovação e tecnologia no princípio de cadeia de valor, e controle produtivo no princípio de gestão”, explica Stéphanie Ferreira, consultora do GIPS.
A ferramenta passou por atualização após quatro anos de sua primeira versão. “Consideramos necessária a otimização do GIPS de forma a torná-lo mais inclusivo, acessível, prático e objetivo, sem perder o conteúdo principal. Para chegarmos à nova versão, foi criado um grupo de trabalho contendo representantes de todas as categorias que enviaram suas considerações de ajustes e posteriormente validaram as alterações compiladas, além disso, também passamos o material por consulta pública e novos ajustes foram realizados e aprovados. Acreditamos que o GIPS edição 2021 terá muito a contribuir com a pecuária sustentável e mais pecuaristas estarão dispostos a inovar, a favor da sustentabilidade necessária para a atividade”, finaliza Stéphanie.
A pecuária sem sustentabilidade está fora do mercado, defende GTPS
Sustentabilidade é oportunidade para quem está praticando e ameaça para quem não está fazendo. E quem não se dedicar, vai acabar fora do mercado. A afirmação é da coordenadora executiva do GTPS (Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável), Luiza Bruscato, ao defender a aplicação de princípios ambientais, econômicos, sociais na bovinocultura de corte, durante live promovida pelo Santander Brasil.
Segundo Luiza há uma série de práticas sustentáveis e tecnologias disponíveis, que os pecuaristas podem escolher. “Não existe uma resposta certa sobre a prática ideal para maior sustentabilidade. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, por exemplo, é uma prática interessante, mas não é indicada para todas as fazendas. Para se chegar à resposta ideal, precisa se levar em conta os investimentos necessários e a própria aptidão do pecuarista. Existe uma série de soluções e, cada uma, é adaptável a uma determinada fazenda”.
Associado ao GTPS e diretor da Athenagro, Maurício Nogueira, participou do bate-papo promovido pelo Santander e confirmou as desvantagens do pecuarista não sustentável. “Atualmente quem mais oferta é a produção tecnificada. Ou faço ou estou fora. Ou se adapta a um sistema de produção mais eficiente ou vai ficar de fora do mercado nos próximos anos”, enfatiza.
Sinalizando dados do setor, Nogueira citou campanhas contra o consumo de proteína animal, apresentando que essa não é a saída. “O ser humano está atrás de proteína. Se privarmos ele a ter acesso à proteína de qualidade, ele vai buscar na natureza. Cerca de 800 milhões de pessoas atualmente, principalmente na África e na Ásia, vão atrás de carne exótica, afrontando a fauna e, consequentemente, a flora, buscando o próprio alimento. Temos de atender essa demanda mundial”, apresenta.
“Somos o segundo maior produtor de carne bovina no mundo, atrás dos Estados Unidos. Mas o Brasil é mais produtivo, quando se compara com a pecuária americana”, completa o representante da Athenagro, ao sinalizar que mesmo à frente dos EUA, o Brasil ainda tem alto potencial de se tornar mais produtivo.
Ele ainda emenda colocando o pecuarista brasileiro como grande fornecedor de alimento. “Mesmo atendendo pouco, perto do potencial que temos, estamos consolidados no mercado internacional. Vamos exportar mais que a soma do segundo e terceiro colocado no ranking, quanto às exportações”.
No que se refere ao desmatamento, Nogueira esclarece que a comunicação tem papel fundamental para desmistificar questões que ligam o crime à pecuária.
“O grande peso que temos hoje, na questão de sustentabilidade e da realidade brasileira, é a desinformação e o preconceito. Temos algumas questões a levar em consideração: a pecuária não precisa de desmatamento, é o desmatamento que precisa da pecuária. Precisamos combater o mercado informal”, finaliza Maurício Nogueira, fazendo referência ao desserviço contra o pecuarista, praticado por quem comete crime contra a Amazônia.
O bate-papo promovido pelo Santander Brasil foi mediado pelo superintendente comercial de agronegócio do Santander, Ricardo França e contou com a participação do pecuarista, Fernando Costa.
A palestra está disponível no YouTube do Santander Brasil:
Sobre o GTPS
Com uma agenda positiva, a entidade busca o desenvolvimento de uma pecuária sustentável, baseada no equilíbrio dos pilares social, econômico e ambiental desde 2007. O GTPS foi a primeira mesa a tratar de pecuária sustentável no mundo, e inspirou a criação de outras mesas nacionais, além da mesa global que discute o tema. Para promover a afirmativa de que é possível produzir carne com a manutenção da biodiversidade, o GTPS faz uso de ferramentas práticas, aplicáveis ao cenário brasileiro, baseadas em indicadores, cuja base está nos princípios da transparência e do diálogo para promover o seu desenvolvimento. Uma entidade sem fins lucrativos, formada por mais de 50 associados entre produtores, empresas de insumos e serviços, indústrias, varejos e restaurantes, sociedade civil, instituições financeiras e de ensino e pesquisa.