Por Cleyton Vilarino — São Paulo
Um estudo conduzido pelo Centro de Neutralidade Climática da Pecuária de Corte em Regiões Tropicais do Instituto de Zootecnia de São Paulo (IZ) a pedido de JBS e Silvateam divulgado nesta quarta-feira (27/9) pelas duas companhias constatou que o uso de tanino como aditivo na alimentação de bovinos de corte tem o potencial de reduzir em até 17% a emissão de metano entérico durante a fase de engorda dos animais.
Naturalmente presente em plantas, taninos são compostos que se acumulam nos tecidos vegetais como estratégia de defesa contra herbívoros. A substância também está presente no vinho e é caracterizada pelo aspecto adstringente no paladar humano. Na natureza, pode ser dividida entre dois tipos, os taninos condensados (que prejudicam a digestibilidade e mais comumente presente em pastagens naturais) e hidrolisáveis (que podem ajudar nesse processo a depender da forma como forem administrados).
Os pesquisadores avaliaram animais de um rebanho de 1.020 touros nelore divididos em 12 piquetes em um confinamento da JBS em Guaiçara, no interior do Estado. As emissões foram medidas a partir do uso de hexafluoreto de enxofre injetado no rúmen dos animais. O método, usado também em outros estudos semelhantes, considera que as emissões do hexafluoreto de enxofre simulam o padrão de emissões de metano dos animais, permitindo assim a sua mensuração.
Foram selecionados quatro bovinos escolhidos aleatoriamente em cada curral, totalizando 48 touros divididos em dois grupos, um suplementado com taninos e saponinas presentes em um produto comercial da Silvateam, e outro grupo controle sem o uso dos aditivos em questão. Os animais foram equipados com cabrestos coletores de gases e a amostragem coletada durante cinco dias consecutivos nas fases de crescimento e engorda dos animais.
Em outros estudos conduzidos internacionalmente, a técnica constatou redução de até 54% nas emissões de metano em animais tratados com taninos e de até 26% com o uso de saponinas, outra substância encontrada na suplementação oferecida ao rebanho durante as avaliações, além da monensina, suplemento usado para melhorar a conversão alimentar dos bovinos e administrado tanto aos animais avaliados quanto aos do grupo controle.
“Apesar de vários estudos sobre carne bovina publicados nas últimas duas décadas com taninos, até onde sabemos, estudos avaliando a suplementação de taninos em dietas contendo monensina em um sistema de confinamento em regiões tropicais como estratégia para reduzir metano são escassos”, pontuam os pesquisadores.
A conclusão do estudo é de que os taninos possam ter atuado diretamente inibindo micróbios metanogênicos que contribuem para a formação entérica de metano. A pesquisa não encontrou impactos no desempenho de crescimento dos touros avaliados, o que indica que a suplementação com taninos e saponinas não interfere no ganho de peso dos animais.
Fonte: Globo Rural