No primeiro semestre de 2024, a Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram) realizou um evento marcante para a pecuária brasileira, destacando temas como crédito de carbono, sustentabilidade ambiental e financeira, além da virada do ciclo pecuário. O encontro também deu voz às mulheres que atuam em empresas globais de nutrição animal e fertilização de pastagens, reforçando o papel fundamental delas na cadeia de carne bovina e leite. Com o lema “Fazenda Verde é Fazenda Azul”, a Asbram evidencia a importância de uma pecuária que seja ao mesmo tempo sustentável e rentável.
Durante o evento, especialistas enfatizaram a necessidade de adotar práticas sustentáveis e de descarbonização na pecuária de corte e leite. Sabrina Coneglian, zootecnista e gerente de Pecuária na Mosaic Fertilizantes, destacou que a aplicação de boas práticas de manejo, nutrição adequada, tecnologias avançadas e cuidados sanitários são vitais para garantir a eficiência e a produtividade. Coneglian ressaltou que os pecuaristas que implementam essas práticas não só cumprem as rigorosas normas legais brasileiras, como também se tornam elegíveis para projetos de créditos de carbono, agregando valor aos seus produtos e contribuindo para a sustentabilidade do setor.
Renata Ferrari, engenheira agrônoma e gerente de Descarbonização da Yara Industrial Solutions, compartilhou a trajetória da indústria de fertilizantes em direção à neutralidade de carbono. Ferrari mencionou que a Yara já reduziu suas emissões em 45% nos últimos quinze anos e tem como meta diminuir mais 30% até 2030. Ela destacou iniciativas inovadoras, como o uso de gás natural renovável e a exploração de hidrogênio verde, além de projetos de captura de CO2 em plantas industriais nos Estados Unidos. Essas ações refletem o compromisso da Yara em reduzir a pegada de carbono de suas operações e apoiar seus clientes na descarbonização de seus negócios.
Nélida Silvero, engenheira agrônoma e cientista de Dados na Agoro Carbon Alliance, abordou os desafios e oportunidades relacionados ao crédito de carbono na pecuária. Silvero explicou que, apesar do crescente interesse por práticas conservacionistas, o processo de geração de créditos de carbono é demorado e exige empenho contínuo dos produtores. Ela ressaltou que as áreas degradadas têm maior potencial para a criação de créditos, o que pode representar um desafio para aqueles que já implementaram práticas sustentáveis. Ainda assim, Silvero acredita no crescimento desse mercado, com a adoção de verificações rigorosas para assegurar a qualidade dos créditos gerados.
Rodrigo Albuquerque, médico-veterinário e analista do mercado do boi gordo, destacou a importância de entender o ciclo pecuário para garantir a sustentabilidade financeira dos produtores. Ele enfatizou que, após um período de dificuldades, os preços do boi gordo estão se estabilizando, o que cria um cenário favorável para a formação de rebanhos e o aumento da produção nos próximos anos. Albuquerque também alertou para a necessidade de alinhamento entre pecuaristas e indústrias de suplementos minerais, sugerindo que ambos aproveitem as variações do ciclo pecuário para maximizar os lucros e assegurar a sustentabilidade econômica da atividade.
O encontro da Asbram em 2024 reforçou que a sustentabilidade não pode ser dissociada da rentabilidade. A mensagem clara é que a adoção de práticas sustentáveis e o investimento em tecnologias de baixa emissão de carbono são essenciais para garantir a competitividade e a viabilidade econômica da pecuária brasileira. A frase “Fazenda Verde é Fazenda Azul” simboliza essa união, onde a sustentabilidade ambiental anda de mãos dadas com a sustentabilidade financeira, garantindo um futuro promissor para a pecuária no Brasil.
Fonte: Feedfood