Em mais uma ação estratégica para impulsionar a pecuária de baixo carbono no Brasil, a Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável promoveu, em parceria com suas instituições financeiras associadas, um encontro dedicado a discutir os caminhos para ampliar o acesso do setor às finanças verdes. O evento reuniu representantes do Itaú BBA, Rabobank e Banco do Brasil, além de especialistas e lideranças do agro, para dialogar sobre os conceitos, os instrumentos e os desafios ligados ao financiamento da sustentabilidade.
O objetivo do evento foi apresentar produtos e linhas de crédito já disponíveis, mas, sobretudo, ouvir sugestões e identificar barreiras que ainda dificultam o acesso desses recursos por produtores e empresas da cadeia da pecuária. O debate foi moderado por José Pádua, da Famasul, que abriu o encontro lembrando que “é essencial que o setor agropecuário participe ativamente da construção dos instrumentos financeiros que vão apoiar sua própria transição”.
Ao longo da conversa, ficou evidente que o crédito sustentável já é uma realidade no Brasil, mas ainda precisa ganhar escala e capilaridade. João Adrien, do Itaú BBA, destacou que o banco tem desenvolvido produtos alinhados a critérios ESG, mas reconhece que o grande desafio está em levar essa agenda até a ponta. “Avançamos na estruturação dos produtos, mas o produtor precisa entender o valor disso e ter acesso simplificado, com apoio técnico e comunicação clara.”
Essa necessidade de apoio técnico e proximidade com o campo também foi reforçada por Taciano Custódio, do Rabobank. Segundo ele, o financiamento verde não deve ser encarado como uma obrigação ou um custo adicional, mas sim como uma ferramenta de transformação do negócio rural. “Finanças verdes não são apenas uma tendência — são uma oportunidade concreta para tornar a pecuária mais resiliente, produtiva e valorizada.”
Do lado das políticas públicas, Guilherme Galvani, do Banco do Brasil, apresentou linhas já disponíveis, como o Programa ABC, que oferece condições diferenciadas para produtores que adotam práticas sustentáveis. Ele destacou, porém, que o impacto dessas iniciativas depende de um esforço conjunto para torná-las acessíveis e compreensíveis. “A ferramenta existe, mas o acesso precisa ser facilitado. Isso passa por assistência técnica, comunicação efetiva e articulação com organizações como a MBPS.”
A realização do evento se conecta diretamente às ações do Grupo de Trabalho de Clima e ao posicionamento que a entidade levará à COP30. Para a Mesa Brasileira, viabilizar economicamente a adoção de boas práticas é condição essencial para consolidar uma pecuária cada vez mais sustentável e alinhada às demandas do mercado nacional e internacional.
A gerente executiva da Mesa Brasileira, Michelle Borges, reforçou o papel estratégico das finanças sustentáveis para os compromissos da entidade e para o futuro da pecuária no país. “A transição para uma pecuária de baixo carbono exige investimento. E investimento só acontece com mecanismos de financiamento bem estruturados, acessíveis e conectados à realidade do campo. Este evento é mais uma ação concreta da Mesa para aproximar o crédito verde de quem está produzindo, criando pontes entre os diferentes elos da cadeia.”
A Mesa Brasileira seguirá promovendo esse tipo de diálogo, como parte do seu compromisso em construir caminhos viáveis, práticos e colaborativos para uma pecuária verdadeiramente sustentável.
Assista abaixo ao encontro na íntegra.