por Sergio Schuler
O primeiro dia de outubro de 2021 já se consolida como um marco econômico para o Brasil, principalmente para o setor pecuário, com a conquista da Cédula de Produto Rural (CPR) Verde. O decreto assinado pelo Governo Federal é uma demanda antiga da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (GTPS). Ele abrirá portas para avançarmos na sustentabilidade em diferentes biomas, propriedades rurais, empresas e na modernização da produção de proteína animal no país.
Segundo a Secretaria de Política Econômica, que construiu o decreto em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Ministério do Meio Ambiente e o Banco Central, a expectativa é de que a CPR Verde movimente R$ 30 bilhões em quatro anos. Mas os ganhos podem ser ainda maiores que os financeiros.
Além da possibilidade dessa “nova” fonte de renda, o setor pecuário conta com uma oportunidade excepcional de reforçar sua imagem sustentável, transformando dados reais de preservação em moedas. O setor também abraça a chance de se fortalecer como defensor do meio ambiente, mais especificamente das florestas brasileiras, com contribuições diretas à sociedade, relacionadas ao clima, reversão de impostos em ações sociais, mais empregos e renda.
A partir deste decreto, o GTPS acredita que se inicia um processo de popularização do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), antes restritos por uma série de questões. Essa também será uma grande chance de países que se mostravam preocupados com as florestas brasileiras monetizarem quem contribui com a preservação. Além disso, servirá como uma nova possibilidade para as pessoas jurídicas nacionais que buscam alternativas para incluir o pilar de ambientalmente correto em seu tripé da sustentabilidade.
Muito mais do que proteína e grãos, o agronegócio brasileiro passa a comercializar uma chance de avançarmos na competitividade do país, sem maiores declínios ambientais, colocando a produtividade como elemento básico para a produção no campo. Colocando também todos os elos da cadeia pecuária – produtores, insumos e serviços, indústrias, varejos e restaurantes, instituições financeiras e sociedade civil – como agentes de uma forma mais sustentável de produzir e consumir.
Sergio Schuler ocupa a presidência da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (GTPS) e é vice-presidente de Negócios de Nutrição e Saúde Animal para Ruminantes na DSM.