No dia 26, no 1º Congresso Gaúcho de Mulheres do Agronegócio, durante o Santa Summit, em Santa Maria (RS), a presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, Ana Doralina Alves Menezes, participou do painel “Pecuária Regenerativa: desafios e oportunidades”, levando ao debate o papel estratégico da atividade na construção de sistemas alimentares mais resilientes e sustentáveis.
Durante a apresentação, Ana Doralina destacou que a pecuária brasileira tem papel fundamental na segurança alimentar global, mas enfrenta um gargalo urgente: cerca de 60% dos 179 milhões de hectares de pastagens do País estão degradados ou em processo de degradação. Nesse cenário, a pecuária regenerativa surge como resposta ao desafio climático e produtivo, com potencial de recuperar mais de 59% dessas áreas por meio de boas práticas.
Mais do que conservar, a proposta regenerativa busca restaurar ecossistemas e a saúde dos solos, revertendo a perda de biodiversidade e aumentando a captura de carbono. Práticas como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), uso de bioinsumos, consórcios com leguminosas e reciclagem de dejetos tornam os sistemas mais produtivos, resilientes e rentáveis. Fazendas que direcionaram maior investimento em pastagens e sistemas integrados, por exemplo, alcançaram margens até 15% maiores do que no modelo convencional.
Além da porteira, as oportunidades também são expressivas: a adoção de práticas regenerativas agrega valor aos produtos, como no caso de carnes certificadas “Carbono Neutro”, que podem alcançar prêmios de até 20%, além de abrir portas para a monetização de serviços ambientais por meio de créditos de carbono e programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
“A transição para a pecuária regenerativa exige conhecimento, tecnologia e mudança cultural, mas representa um caminho concreto para alinhar produção de alimentos, recuperação ambiental e desenvolvimento social”, ressaltou Ana Doralina.