No dia 19 de agosto, a Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, representada por Aécio Flores, coordenador do GT de Rastreabilidade, e vice-presidente da ABCAR, participou do evento Pressões ambientais na cadeia da soja e da pecuária, promovido pelo Agro Insper, que debateu questões ambientais e soluções relacionadas à soja e pecuária de corte.
O evento foi mediado pelo professor Marco Jank, e contou com a participação de André Nassar, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (ABIOVE), e Ricardo Andrade, assessor de sustentabilidade e relações institucionais do Centro das Indústrias de Couro do Brasil (CICB), organização associada à Mesa Brasileira. André abordou sobre a questão ambiental da soja, enquanto Ricardo e Aécio discutiram a sustentabilidade e rastreabilidade no couro e na carne.
A cadeia de produção da carne bovina enfrenta desafios significativos na rastreabilidade. A legislação atual exige que o Brasil demonstre conformidade com padrões de rastreabilidade, o que inclui o controle do ciclo de vida dos bovinos e suas movimentações ao longo da sua vida. A EUDR – lei antidesmatamento da União Europeia, que começa a valer em janeiro, intensifica a necessidade de um sistema que possa rastrear a carne desde a origem até o abate.
A rastreabilidade na pecuária bovina é mais complexa devido ao ciclo de vida longo dos bovinos e às múltiplas propriedades pelas quais eles passam. “A União Europeia, um importante mercado para a carne brasileira, exige um controle mais rigoroso, o que representa um grande desafio para o Brasil, que precisa adaptar seus sistemas para atender a essas exigências. A busca por soluções eficazes é vista como uma oportunidade para aprimorar os processos e garantir a conformidade, evitando problemas futuros e mantendo a competitividade no mercado global,” comentou Aécio Flores.
O setor de couro enfrenta desafios significativos em termos de rastreabilidade e conformidade ambiental, que são ainda mais complexos do que os da carne bovina. “O Brasil, como o maior produtor e terceiro maior exportador de couro do mundo, possui uma indústria moderna e de alta qualidade, mas precisa enfrentar questões rigorosas de rastreabilidade,” abordou Ricardo Andrade.
Trabalhar com produção sustentável não é apenas uma questão de custo financeiro, mas de avaliar o custo ambiental associado a cada etapa do processo produtivo. “Em minha área de atuação, percebo que as oportunidades realmente estão focadas em desenvolver métodos de produção sustentáveis e processos de monitoramento eficientes. É fundamental adotar modelos de compliance que garantam a segurança e agreguem valor ao produto, independentemente da escala de produção,” enfatizou Flores.
A implementação de processos de rastreabilidade é crucial para assegurar que produtos não conformes sejam corretamente segregados e que as regras de comercialização sejam cumpridas. Embora essas questões apresentem desafios significativos, elas também oferecem um leque de oportunidades para encontrar soluções eficazes e inovadoras.
A prioridade agora é unir esforços e mentes para desenvolver um modelo de rastreabilidade nacional que seja eficaz e rápido, e que possa atender às exigências dos mercados internacionais, como o europeu e o chinês, que também vão exigir sustentabilidade. “A resposta deve ser prática e adaptável, para garantir que o Brasil continue competitivo e atenda às expectativas dos consumidores e mercados,” finalizou Aécio.
Assista ao evento na íntegra: