O sentimento de injustiça diante das críticas à pecuária de corte, apontada como uma das atividades de maior impacto no aquecimento global, levou o produtor rural Caio Penido, sócio da Agropecuária Água Viva, a realizar um estudo sobre o balanço dos gases de efeito estufa (GEE) na fazenda, localizada em Cocalinho (MT).
Ele queria comprovar que a atividade pode ser sustentável e que é possível neutralizar as emissões nocivas ao meio ambiente por meio do sequestro de carbono.
Penido, que preside o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) e o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), há cinco anos começou um trabalho em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o World Resources Institute (WRI Brasil) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para colocar em prática na propriedade o GHG Protocol Agropecuário, uma ferramenta utilizada para contabilizar as emissões que ocorrem durante o ciclo de vida de produtos.
O aplicativo desenvolvido pelas organizações permite calcular on-line as emissões e compensações de GEE, utilizando metodologia específica para a realidade tropical. A plataforma tem abas separadas para cultivos de soja, milho, algodão, trigo, arroz, feijão e cana-de-açúcar, além de pecuária e pastagens.
Viviane Romeiro, gerente de clima do WRI Brasil, explica que o GHG Protocol existe para o setor industrial desde 1998, mas, no Brasil, começou a ser elaborado com foco na pecuária em 2012. Ela lembra que o país tem 200 milhões de hectares de pastagens, das quais 175 milhões de hectares estão degradados em maior ou menor nível.
“A pecuária brasileira pode ser muito mais eficiente. Com a ferramenta, o produtor pode fazer inserções de dados da fazenda no sistema e identificar onde tem deficiência, onde dá para melhorar.”
Fonte: Globo Rural