O mercado tem exigido cada vez mais produtos com origem sustentável e preservação ambiental. Diante desta afirmativa, o presidente do GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, Caio Penido, destacou que é preciso tornar os atributos da biodiversidade brasileira em uma vantagem competitiva, agregando valor aos produtos e valorizando a imagem do pecuarista e do Brasil.
“A demanda por sustentabilidade chegou para ficar e precisamos transformar isso em oportunidade”, aponta Caio. “São necessários mecanismos que viabilizem o PSA – Pagamento por Serviços Ambientais, por exemplo. O produtor que ainda puder suprimir vegetação nativa legalmente, poderá optar por receber recursos pelos serviços ambientais dessa área, mas isso precisa ser opcional, sem excluir do mercado quem segue o complexo Código Florestal”, destaca o presidente do GTPS.
“À medida que a regularização ambiental e a intensificação sustentável forem se concretizando, conservando as Reservas Legais e as APPs, garantindo a proteção dos recursos hídricos e a boa utilização do solo, teremos o que poucos países podem oferecer: biodiversidade garantida por lei e uma produção de baixas emissões gases do efeito estufa, essa é nossa vantagem competitiva, esse é nosso diferencial comercial”, defende Caio. “Nosso país passa pelo complexo de inferioridade que chamo de ‘Síndrome de Lois Lane’, que namora o Klark Kent, sem perceber e reconhecer que se trata do Superman. Somos uma potência agroambiental e é preciso incorporar isso no DNA da nação, reconhecendo nossa biodiversidade e o papel do produtor rural na conservação”, completa o presidente.
Segundo ele o próprio brasileiro não entende que a biodiversidade brasileira está prestando serviços ambientais gratuitamente para o resto do mundo. “O bônus é para toda sociedade, que não reconhece o produtor rural como o conservador de mais de 20% do território do país. O mundo se sente ameaçado pelo aumento da nossa produção de alimentos, com competitividade, qualidade e adequada à legislação ambiental brasileira, mas ainda não conseguimos associar essa biodiversidade à imagem do setor”, enfatiza Caio Penido.
Durante a live “Pecuária Sustentável do Pantanal”, promovida pela Agência Movimenta Pantanal, o superintendente da Semagro – Secretaria de Estado e Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Rogério Beretta, apresentou o programa que beneficia o pecuarista sul-mato-grossense, pela produção de proteína de forma sustentável e orgânica, com práticas de preservação da biodiversidade pantaneira. Em média, os pecuaristas inscritos no programa recebem R$ 131,50 por animal enviado à indústria frigorífica.
O programa em Mato Grosso do Sul até o momento possui 11 propriedades rurais inscritas, na região de Corumbá, Porto Murtinho, Miranda e Rio Verde de MT e, outras oito propriedades, estão em processo de cadastramento. Entre março de 2019 a novembro de 2020, cerca de 12.928 cabeças foram abatidas pelo programa, totalizando R$ 781.464,80 repassados aos produtores rurais. O Governo do Estado de MS anunciou que também pagará por serviços ambientais, começando com produtores da região de Bonito.
A live também contou com a participação do pecuarista Eduardo Cruzetta, presidente da União do Pantaneiros da Nhecolândia (Unipan), que mostrou as boas práticas sustentáveis desenvolvidas no Pantanal, com moderação da Márcia Rocha.