O anúncio do Plano Nacional de Identificação de Bovinos e Búfalos (PNIB) para o período 2025-2032, anunciado terça-feira (17/12), pelo ministro Carlos Fávaro, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), tem repercutido bastante no setor. O plano de rastreabilidade bovina, cujo objetivo é atender demandas do mercado internacional e garantir a segurança sanitária do rebanho bovino brasileiro, vinha sendo costurado desde 2022.
Alguns dirigentes o consideram um “marco histórico” para a pecuária nacional. Outros, no entanto, se mostram mais reticentes, preocupados com o impacto dos custos de sua implantação, em especial sobre os pequenos produtores.
A reportagem de DBO ouviu alguns atores da cadeia presentes na 4ª edição do Fórum da Pecuária Sustentável, realizado quarta-feira (18/12) em São Paulo, na sede da MSD Saúde Animal. Além disso, colheu depoimentos de representantes de entidades de classe e da indústria frigorífica. Ouça como pensam algumas lideranças do setor produtivo.
“O mercado comprador tem todo o direito de exigir o que ele quiser, desde que ele pague mais por isso”.
Francisco Manzi, diretor técnico da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
“É uma grande conquista para a pecuária brasileira. Abrem-se novas oportunidades.” Ana Doralina Alves Menezes, presidente da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável
“A gente não concorda com o fato de a rastreabilidade ser obrigatória. Como ficam os pequenos produtores?”. Amarildo Merotti, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato)
“É muito bom ter um programa de rastreabilidade nacional, mas tem que caminhar junto com a parte socioambiental”. Roberto Paulinelli, produtor e dono do Frigorífico Rio Maria.
“Trata-se de uma iniciativa essencial para avançarmos na direção de uma pecuária ainda mais sustentável, produtiva e, principalmente, mais transparente”. Delair Bolis, presidente da MSD Saúde Animal e do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan).
“Eu vivi o Sisbov, que se tornou um sistema de identificação fora da realidade e que hoje é um desperdício. Espero que esse sistema se torne uma realidade, mas não estou otimista”. Pedro de Camargo Neto, produtor e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
“Os principais países exportadores de carne bovina já possuem seu sistema de rastreabilidade. O Brasil não podia ficar para trás”. Lisandro Inakake de Souza, gerente de projetos do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
“A cadeia como um todo terá vantagens, mas que precisam chegar no pecuarista. Para produzir esse boi verde certificado, o pecuarista não pode ficar no vermelho”. Cyro Ferreira Penna Júnior, coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp)
“É um passo muito importante. A rastreabilidade individual é um quesito cada vez mais obrigatório e que pode ajudar em diversas áreas.” Marcos Jank, professor sênior de agronegócio do Insper.
Clique aqui para ouvir os depoimentos de cada um na íntegra.
Fonte: DBO