Por José Florentino — São Paulo
Um estudo conduzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela avanços significativos na redução das emissões de metano entérico, um dos principais gases causadores do efeito estufa, por meio da aplicação dos protocolos Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) durante a fase de recria de gado a pasto.
É a primeira vez em que esses protocolos são aplicados em um rebanho de alto padrão genético. A pesquisa foi realizada na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Jr., em Uberaba (MG), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
O resultado foi uma redução das emissões de metano em 12% (CCN) e 15% (CBC), além de um aumento de 2% e 5% no ganho de peso dos animais, respectivamente.
“Comprovamos que a atividade pecuária, com recria a pasto e terminação em confinamento, seguindo as práticas corretas, proporciona a redução das emissões e tem viabilidade”, afirma a pesquisadora responsável pelo experimento, Giovana Maciel, da Embrapa Cerrados.
Considerando as fases de recria e terminação, o uso dos protocolos CCN e CBC promoveu a redução na emissão de metano entérico, de 2% a 5%, e o aumento na produtividade, de 4% a 8%, respectivamente, em relação ao manejo tradicional.
O protocolo Carne Carbono Neutro (CCN) requer a introdução obrigatória de árvores no sistema de produção, enquanto o Carne Baixo Carbono (CBC) reduz as emissões pelo próprio processo produtivo, envolvendo melhoria da dieta, diminuição na idade do abate e aumento do estoque de carbono no solo.
“Apesar de não ter árvores no sistema ILP, o ganho de peso foi ligeiramente superior ao alcançado no sistema ILPF e os dois foram superiores ao rebanho-testemunha que mantivemos nas outras áreas de pastagens da fazenda”, afirma Giovana.
Lauro Almeida, gerente de melhoramento da ABCZ, conta que, no período em que ocorreram os testes, a média de idade de abate no Brasil ainda era de quatro anos. “Nesse programa, obtivemos o peso ideal antes de 22 meses, o que mostra que é possível reduzir esse prazo para menos da metade em relação ao que se emprega no País”, diz.
O CCN está disponível na plataforma Agri Trace Rastreabilidade Animal, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O CBC, por sua vez, deve ser liberado este ano. Para aderir à certificação, a propriedade deverá estar em conformidade com os 20 requisitos mínimos obrigatórios para sua implantação.
Fonte: Globo Rural