Você já ouviu falar de carne com selo de sustentabilidade? A carne com esse tipo de selo é aquela que passou por um processo de certificação e atendeu a padrões de bem-estar animal e de menor impacto socioambiental no local de criação e produção. Entre os pontos avaliados por essas certificações está a ausência de desmatamento ilegal ou destruição de ecossistemas, preservação de matas e nascentes de água, diminuição e uso responsável de insumos agrícolas, destino adequado para os resíduos, bem-estar animal – do nascimento ao abate -, segurança dos trabalhadores e não-envolvimento com trabalho escravo ou infantil, entre outros.
“A carne com selo de sustentabilidade é importante para o consumidor e para toda a cadeia pecuária. Hoje, há uma preocupação maior do consumidor, principalmente entre os mais jovens, de ter mais transparência na informação sobre o produto que está consumindo. Ele quer saber se aquele produto tem um impacto na natureza, qual é esse impacto e se a empresa relacionada a ele está preocupada em mitigar seus efeitos”, afirma Luiza Bruscato, diretora executiva do GTPS – Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável, uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2007 pela reunião de representantes dos seis elos da cadeia produtiva, com o propósito de fortalecer a pecuária sustentável.
Boas práticas de produção, certificadas, com atendimento a requisitos que vão do tipo de alimento fornecido ao rebanho ao cumprimento de legislação específica dão direito ao uso de selos de carne orgânica e sustentável. Os dois mais importantes do Brasil hoje são o Carne Sustentável do Pantanal e o Angus de Sustentabilidade, de acordo com o GTPS. A entidade planeja seu próprio protocolo para 2023. “É um desejo de toda a cadeia e, desde que o GTPS foi lançado, já prevíamos um protocolo certificável”, completa.
Selo Carne Sustentável do Pantanal
A pecuária é a principal atividade econômica da região do Pantanal e vem sendo desenvolvida de maneira extensiva há mais de 200 anos. A preocupação com o impacto ambiental sempre esteve presente entre os produtores da região. O selo Carne Sustentável do Pantanal foi criado para certificar os pecuaristas que adotam boas práticas produtivas como ajuste de lotação de pastagens, perda de nutrientes e desequilíbrio do solo, proteção dos recursos hídricos e recuperação de áreas degradadas.
O “Protocolo de Carne Sustentável”, desenvolvido pela Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO), com apoio do WWF-Brasil e do GTPS, inova ao ser o primeiro do país a inserir a conservação ambiental numa certificação de raças bovinas, ou seja, a avaliar o impacto no meio ambiente para conceder o selo.
Nele, o bem-estar animal é uma preocupação em todas as fases do processo produtivo. O selo também garante a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva do animal, desde informações nutricionais, manejo, transporte, abate e processamento à padronização dos processos.
Segundo levantamento da Embrapa em parceria com a ABPO, houve um crescimento exponencial dos abates mensais de gado com certificação de Carne Sustentável do Pantanal no período de junho de 2020 a maio de 2021, chegando ao pico de 2,5 mil abates por mês de bovinos com o protocolo.
Selo Angus Sustentabilidade
Lançado em junho de 2019, o Selo Angus Sustentabilidade atesta que propriedades pecuaristas que utilizam a genética Angus adotam boas práticas de sustentabilidade, responsabilidade social, rastreabilidade, sanidade, bem-estar animal e biossegurança.
O programa é o único do gênero no Brasil a estar lastreado por uma certificadora externa, a alemã Tüv Rheinland – referência em atestar processos produtivos nos cinco continentes.
Para poder usar o selo nos rótulos de seus produtos, os pecuaristas devem cumprir algumas regras básicas, como ter animais 100% rastreados, animais com no mínimo 50% de sangue Angus e propriedades rurais que atendam a padrões e critérios de sustentabilidade, independentemente do sistema de criação adotado no local.
Hoje, só o frigorífico Carapreta entrega carne com Selo Angus Sustentabilidade no país e a marca já trabalha com 75% de genética Angus, superando a exigência do selo.
Para Luiza Bruscato, do GTPS, todos os elos da cadeia da pecuária têm interesse em avançar na rastreabilidade e na transparência dos produtos. “Existe uma série de desafios, mas eu vejo todos bastante engajados para resolver essas questões, conseguir avançar e ter um produto na gôndola do supermercado que possamos verificar e rastrear. Levar essas informações de procedência e certificação até o consumidor final permite que ele faça escolhas responsáveis e aposte em um consumo mais consciente”, finaliza.
Fonte: O Presente Rural