Em março de 2021, a rastreabilidade, um atributo socioambiental extremamente essencial para a atividade pecuária brasileira, se tornou tema central de um dos Grupos de Trabalho do GTPS.
Entre as etapas contempladas no processo de entendimento comum sobre a rastreabilidade estão entrevistas com stakeholders. Conversas com profissionais, representantes de diversos setores da cadeia de valor da pecuária, que lidam diretamente com o assunto e estão dispostos a contribuir com informações e propostas acerca das necessidades e desafios enfrentados pelo setor auxiliando o Grupo na construção deste caminho.
Na reunião realizada em 06/05, os entrevistados foram Taciano Custódio, diretor global de Sustentabilidade da Minerva Foods; Susy Yoshimura, diretora de Sustentabilidade e Compliance do GPA/Assaí, e Lúcio Vicente, diretor de Sustentabilidade do Carrefour Brasil.
Nas conversas conduzidas pela facilitadora do Grupo de Trabalho, Luiza Bruscato, gerente executiva do GTPS, com a participação de outros integrantes do GT, surgiram insights e opiniões contundentes sobre as perspectivas sociais, ambientais e de mercado que envolvem a rastreabilidade.
Taciano Custódio (Minerva Foods) ressaltou como é importante garantir a segurança daquilo que está sendo ofertado ao consumidor “um alimento seguro, produzido de maneira sustentável e que não apresente risco no consumo”. Ele comentou sobre uma possível vertente de implementação: “A evolução para um nível completo de rastreabilidade não precisa ser individual e sim por lote, até para reduzir custos com equipamentos. Por fim, Taciano falou sobre outros aspectos da rastreabilidade. “Em um primeiro momento, é preciso garantir a questão sanitária e em seguida assegurar a produção verificada de trás para frente e adicionar atributos que podem representar um melhor posicionamento dos produtos, seja no mercado interno ou externo”, finalizou o executivo que ainda citou o Uruguai como o país da América do Sul que mais está avançado quanto à rastreabilidade.
Para Lúcio Vicente (Carrefour), a base do consumo consciente é a rastreabilidade. “Este é o ponto de partida para inserir o consumidor, o que na Europa é muito comum. Os varejistas precisam democratizar o acesso à informação dando propriedade e protagonismo para o consumidor fazer sua escolha de olho naquilo que o produto realmente representa em termos ambientais e sociais. Nada vai funcionar se não olharmos pela ótica do consumidor”. Ele também destacou fatores competitivos: “A rastreabilidade ajuda na competitividade, para que o mercado funcione sobre as mesmas regras. O engajamento deve ser setorial. Nós também não podemos elitizar a sustentabilidade. Temos que exercer um papel didático de comunicação”.
Susy Yoshimura (GPA/Assaí), que também tem como empresa controladora uma companhia com sede na Europa, fez algumas colocações sobre o consumidor: “As pessoas têm posicionamentos e atitudes que muitas vezes são diferentes. Quando os pensamentos como indivíduo passam a ser mais coesos com as escolhas como consumidor, enxergamos uma coerência maior e, coletivamente, é reflexo de uma sociedade mais madura. Ainda, o consumidor brasileiro caminha para essa direção, apesar de ainda ponderar muito para questões de preço, mas entender de onde vem e como é produzido o que se consome é um caminho sem volta, por isso a rastreabilidade é tão fundamental”. Ela também comentou a necessidade do compartilhamento de informações sobre o tema entre todos os setores da cadeia da carne: “É muito difícil, para nós do varejo, conhecermos e termos contato com todas as etapas do processo produtivo, por isso, a gente entende que o grande potencial do GTPS é esta articulação entre os diferentes elos da cadeia, compartilhando experiências e adicionando saber para gerar valor”.
A reunião contou ainda com a participação de outros integrantes do Grupo de Trabalho de Rastreabilidade, representantes de organizações de cinco elos da cadeia de pecuária: GPA, Minerva, CNA, JBS, Marfrig, AgroSB, NWF, ProForest, Elanco e Amigos da Terra.