Durante o seu segundo ciclo, o Grupo de Trabalho (GT) de Terra da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (GTPS) realizou dois novos encontros que deram continuidade aos estudos relacionados ao monitoramento da mudança de uso da terra na pecuária.
Neste ciclo, quatro convidados especiais apresentaram suas experiências sobre os temas relacionados ao monitoramento e uso da terra no Brasil, agregando conhecimento às discussões. No primeiro encontro do grupo, o coordenador-geral de Informações Estratégicas da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura (SDI/Mapa), Raimundo Deusdará Filho, falou sobre o Observatório da Agropecuária Brasileira, plataforma que sistematiza, integra e disponibiliza dados e informações da agricultura e pecuária do país para ser reconhecida como local de informações oficiais da agropecuária brasileira.
No segundo encontro, o professor titular da Universidade Federal de Goiás, Laerte Ferreira, falou sobre o mapeamento das pastagens no Brasil, realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Inovação e Gestão (LAPIG). Desde 2008 o grupo trabalha mapeando e monitorando pastagens, gerando mapas históricos. Laerte pontou que as pastagens representam cerca de 19% do território nacional e são importantes reservas de terra, tanto para mitigação de GEE, para serviços ambientais e do potencial que representa no aumento da produtividade.
Já no dia 8 de março, o grupo recebeu o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e demais Biomas, Cláudio Almeida, que apresentou os projetos que o INPE mantém: PRODES, DETER e TerraClass, falando sobre seus diferentes objetivo, os desafios e perspectivas de melhorias para o futuro.
Durante a apresentação, Cláudio explicou que todos os projetos e processos do INPE possuem um conjunto de regras e investimentos para garantir a qualidade da informação e consistência dos dados, citando que o grande desafio é garantir que a metodologia da série histórica seja consistente, permitindo ao país assumir compromissos e propor políticas públicas, além de apoiarem as cadeias produtivas.
Outros dados sobre o monitoramento do uso da terra foram apresentados na reunião realizada no dia 23 de março, que contou com a participação do coordenador técnico Marcos Rosa e da consultora de articulação institucional, Carolina Del Lama, ambos da equipe do MapBiomas.
O MapBiomas surgiu da necessidade de realizar estimativas da emissão de gases de efeito estufa no Brasil e produzir mapas que esclarecessem melhor o ciclo dessas emissões, uma vez que as mudanças na cobertura e uso da terra são as maiores fontes de emissão e sequestro de carbono no Brasil. Segundo os especialistas, já se sabe que 70% dessas emissões são causadas por mudanças na cobertura e uso da terra, principalmente por meio do desmatamento, mas ainda era necessário entender quanto dessas áreas eram destinadas à agricultura, mineração, pecuária ou retirada de madeira.
Por meio de um mapeamento detalhado, o MapBiomas conta com um histórico completo de cobertura e uso da terra, desmatamento, mineração, pecuária, agricultura, qualidade da pastagem, superfície de água e outros dados, que estão disponíveis para consulta púbica na plataforma da instituição. O MapBiomas está em toda América do Sul com 14 iniciativas, replicando o trabalho para todas as regiões. Um dos esforços da iniciativa MapBiomas Alerta é obter o acesso da base de dados e da autorização e ações de fiscalizações de cada Estado, para análise estatística e a definição de desmatamento legal ou ilegal. A iniciativa conta com dados de 10 Estados e a intenção é que até o final de 2023 todos os Estados sistematizem a base de dados e que estejam disponíveis para publicação.
As apresentações dos convidados especiais do GT de Terra, assim como as outras discussões debatidas ao longo deste ciclo, serão usadas como base para a elaboração das entregas do grupo. Você já pode conferir o resultado da elaboração dos conceitos e termos gerais sobre a mudança do uso da terra, além da lista de iniciativas que contribuem com o uso de terra mais eficiente na pecuária, no site do GTPS.
Para participar dos debates dos Grupos de Trabalho do GTPS é preciso se associar ao Grupo ou estar entre os especialistas convidados.