* Por Flávia Maria de Andrade Gimenes
A alimentação do rebanho é o principal componente dos custos de produção de carne e leite, podendo chegar a 60% do total. Nas pastagens, os animais selecionam e colhem sua própria comida, o que torna essa opção a mais econômica, porém metade dos 154 milhões de hectares ocupados por pastagens no Brasil apresenta algum grau de degradação, situação em que as pastagens perdem seu vigor, capacidade produtiva e são infestadas de pragas, doenças e plantas daninhas, sendo necessário o produtor rural fornecer suplementos aos animais que impactam no custo.
Para que a alimentação do animal no pasto seja efetiva na nutrição é preciso que as pastagens sejam bem manejadas permitindo maior consumo de forragem de qualidade. Os dois principais fatores que causam a degradação de pastagens são o manejo do pasto inadequado, normalmente superpastejo (elevadas taxas de lotação) e falta de reposição de nutrientes.
A degradação de pastagens é um processo evolutivo contínuo, que pode ser dividido em 4 níveis: leve, moderado, forte e muito forte. Nos níveis leve a moderado há uma redução contínua da produção de forragem e aumento de áreas de solo descoberto e plantas invasoras, já nos níveis forte e muito forte as áreas com as plantas forrageiras são escassas e a maior parte do solo é descoberta ou ocupada por plantas daninhas, havendo erosão e degradação biológica de solo.
Nestas situações a produção animal e capacidade de suporte do pasto também vão sendo reduzidas proporcionalmente à severidade da degradação das pastagens.
Para as pastagens apresentarem benefícios, o pecuarista precisa tomar a decisão de recuperar as pastagens ou reformá-las, sendo esta opção de maior custo do que a primeira. Para recuperar a pastagem a área ainda deve apresentar predomínio do capim desejado, se isso não ocorrer deve-se optar pela reforma de pastos.
Na recuperação de pastagens deve-se em primeiro lugar ajustar o manejo do pasto, reduzindo-se o número de animais por área ou até deixando a área em pousio (sem animais). Em seguida deve-se seguir as recomendações de manejo de cada planta forrageira conforme indicado pela pesquisa, usando faixas de altura do capim para áreas sob lotação contínua e alturas pré e pós-pastejo para áreas sob lotação rotacionada.
Como exemplo a Brachiaria brizantha cv. Marandu (braquiarão) deve ser manejada em uma faixa em torno de 30 cm sob lotação contínua ou alturas pré e pós-pastejo de 25 e 15 cm, respectivamente, sob lotação rotacionada.
Quanto à fertilidade do solo deve ser feita análise de solo e recomendações segundo os resultados, com aplicação de calcário, fósforo e potássio. A aplicação de nitrogênio estará bastante ligada aos objetivos do cultivo do pasto, sendo de 50 a 100 kg/ha.ano de N para manutenção de 100 a 300 kg/ha.ano de N para elevar a produção de forragem.
Quando não for possível recuperar, deve-se fazer a reforma da pastagem que engloba as mesmas ações de um novo plantio, com preparo do solo e semeadura de novas plantas forrageiras, além da adubação e adequação do manejo do pasto conforme feito na recuperação. Essa reforma também pode ser feita com integração de lavouras, como milho e soja, reduzindo os custos das operações agrícolas e da adubação.
De forma geral, o importante é que o produtor rural esteja sempre andando na pastagem e resolvendo os problemas assim que identificados, resultando em pastos com elevada produção de capim, muitas folhas, alto valor nutritivo e produtividade animal.
*Pesquisadora científica do Instituto de Zootecnia da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IZ-APTA), Doutora em Ciência Animal e Pastagens pela USP e membro da Associação dos Profissionais de Pecuária Sustentável (APPS)
Fonte: Portal DBO