O Fórum Internacional da Agropecuária (FIAP 2024) trouxe à tona, nesta segunda-feira, 9 de setembro, em Cuiabá, discussões essenciais sobre as tecnologias e experiências brasileiras que são referência mundial na pecuária.
O painel, moderado por Caio Penido, presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (IMAC), contou com a presença de Arlindo Vilela, José Bento Ferraz e Fernanda Macitelli, especialistas em suas áreas, debatendo caminhos para o avanço sustentável do setor.
Intensificação sustentável na pecuária do futuro
Arlindo Vilela, um dos destaques do painel, reforçou a importância da intensificação na pecuária como um caminho sem volta para a sustentabilidade. Segundo ele, intensificar não significa apenas aumentar a produção, mas sim melhorar a eficiência e usar os recursos de forma inteligente. Um dos aspectos que Vilela destacou foi a comparação entre o confinamento e a terminação intensiva a pasto (TIP).
“Aqui em Mato Grosso, em 2014, a TIP empatou com o confinamento, o número de animais terminados em confinamento e terminado em TIP. Nesses dez anos o confinamento cresceu 20% em Mato Grosso e a TIP cresceu 300%, então é algo que tem sustentação.” Arlindo Vilela
Ele destacou os desafios da cultura, gestão e recursos financeiros como barreiras a serem superadas, mas insistiu que o foco deve ser em “fazer melhor” para garantir uma pecuária moderna e sustentável.
Genética e o impacto reprodutivo na produção de carne
José Bento Ferraz, professor da USP, trouxe ao debate a importância da genética na pecuária. Ele enfatizou que compreender o que cada pecuarista deseja para seu rebanho é essencial.
A escolha do touro certo, adequado para cada sistema de produção, é crucial para evitar surpresas desagradáveis e prejuízos.
No entanto, o Brasil possui um gargalo muito grande que é justamente alçar maiores ganhos na produção de bovinos de corte por conta do melhoramento genético e sua participação na produção de carne bovina no País.
“Sempre me perguntam: qual o porcentual dos animais abatidos no Brasil que possuem genética de animais melhorados de alguma forma? Fiz conta por todo o lado e cheguei à conclusão que é no máximo 30%.”
Por isso ainda há um potencial de 70% do rebanho brasileiro que precisa que melhores técnicas genéticas de produção. E para isso o produtor deve se guiar em critérios que devem ser avaliados de forma integrada, considerando-se as necessidades e objetivos do sistema de produção, visando a obtenção de animais produtivos e saudáveis.
Bem-estar animal é norteador do manejo com o gado
Fernanda Macitelli, da UFMT, destacou o crescente reconhecimento do bem-estar animal na pecuária brasileira.
Ela apontou que, além de ser uma questão ética, o bem-estar animal contribui para melhorias na produtividade econômica e na qualidade dos produtos de origem animal.
“Quando a gente envolve manejos de bem-estar animal é cientificamente comprovado que ele leva a uma menor a necessidade de medicamentos, principalmente, a redução no uso de antibióticos. Isso tem uma total relação com a saúde pública hoje.” Fernanda Macitelli
Além disso, está cada vez mais vinculado a regulamentações de mercado, saúde pública e responsabilidade humana, tornando-se um pilar fundamental para uma pecuária mais saudável e competitiva.
Intercâmbio de ideias para melhor futuro para a pecuária
O FIAP 2024 promoveu um rico intercâmbio de ideias, mostrando que a pecuária brasileira está na vanguarda das práticas sustentáveis, com foco em intensificação responsável, genética precisa e bem-estar animal.
Esse conjunto de debates é crucial para preparar o setor para os desafios futuros e consolidar o Brasil como líder global na produção pecuária sustentável.
Fonte: Canal Rural