Em seu sexto ano de existência, o Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável (GIPS), ferramenta de apoio e fomento à produção sustentável criada pelo GTPS – Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável, contou com a adesão de 690 produtores rurais, somente no primeiro semestre de 2021.
Luiza Bruscato, gerente executiva do GTPS, falou sobre o grande desafio que foi atuar em meio às restrições impostas pela pandemia de Covid-19. “Tivemos que alterar toda a nossa abordagem metodológica. A proposta inicial era realizar oficinas presenciais, pois sabemos o quanto o pecuarista está distante e muitas vezes com dificuldades de acesso à internet, porém, conseguimos reverter isso capacitando técnicos de campo e criando parcerias estratégicas com sindicatos e associações de algumas regiões”.
A coordenadora responsável pela condução do GIPS, Stéphanie Ferreira, também chamou atenção para o trabalho realizado com os orientadores. “Contamos com oito técnicos capacitados pelo GTPS que, mesmo atuando de forma remota, conseguiram orientar os produtores no preenchimento do Guia”.
Stéphanie ainda citou alguns aspectos de comunicação como diferenciais no processo de divulgação da ferramenta. “Adotamos uma estratégia mais dinâmica: produzimos conteúdo bem didático para redes sociais, utilizamos bastante o WhatsApp e e-mail com informações relevantes e esclarecedoras, e ainda disponibilizamos um atendimento virtual individual”.
Projeto GIPS
Os resultados obtidos no âmbito do ‘Projeto GIPS’, iniciativa do GTPS coordenada pela Solidaridad Brasil, tiveram a dedicação e o empenho de dois importantes frigoríficos, JBS e Minerva. A participação ativa dos times de campo dessas empresas foi um fator determinante para que as expectativas fossem superadas.
“As atividades deste Projeto financiado pela Iniciativa Internacional para o Clima e Florestas da Noruega (NICFI) visam apoiar a transição para uma pecuária de baixo carbono na Amazônia e contribuir para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas. O objetivo é aumentar a demanda por produtos agropecuários nos mercados dos EUA e da China que permitam a conservação da floresta”, comentou Paulo Lima, gerente de Programas da Solidaridad Brasil.
De janeiro de 2019 a maio de 2021, período em que o Projeto esteve vigente, houve o preenchimento total de 872 GIPS nos biomas Cerrado e Amazônia distribuídos principalmente entre os estados do Mato Grosso, Rondônia, Pará e Goiás. A participação de pecuaristas aconteceu tanto por meio de oficinas presencias (antes da pandemia) e online organizadas em conjunto com as empresas, como pela atuação dos aplicadores em campo e remotos.
Os frigoríficos em questão indicaram seus fornecedores para que os técnicos entrassem em contato diretamente com os produtores. Além disso, as equipes dessas empresas responsáveis pela compra de gado das plantas envolvidas apoiaram na divulgação e engajamento do pecuarista.
Para o gerente de Sustentabilidade da JBS/Friboi, Alexandre Kavati, o engajamento dos produtores por meio da disponibilização de ferramentas de gestão e a geração de conhecimento são essenciais para a efetiva implementação de boas práticas na produção pecuária. “O Projeto está alinhado com a estratégia da companhia, de produzir alimentos de maneira sustentável e de gerar ações conjuntas com parceiros de negócios em prol da sustentabilidade na cadeia produtiva de carne bovina. A iniciativa fomenta a conservação do meio ambiente, o aumento da produtividade, o bem-estar humano e animal, a redução de emissões associadas a pecuária, além da avaliação de indicadores de gestão da propriedade que permite aos produtores a identificação de oportunidades de melhoria contínua e o fortalecimento do seu negócio.”
Tamara Lopes, gerente corporativa de Sustentabilidade da Minerva, também destacou pontos importantes sobre o Projeto. “O GIPS está muito alinhado ao nosso Compromisso com a Sustentabilidade, que visa a evolução na cadeia de fornecimento sob a ótica da atuação sustentável, melhores práticas em bem-estar animal, qualidade e eficiência na produção. Acreditamos que o esforço para uma pecuária sustentável deve ser coletivo e o GIPS é mais uma forma de viabilizar esse trabalho em conjunto dos produtores com a indústria com foco na pecuária de baixo carbono.”
O GIPS continua disponível para preenchimento dos pecuaristas. Vale lembrar que a ferramenta é gratuita, voluntária, confidencial e auto declaratória. Trata-se de um instrumento inovador que tem por finalidade propor avanços estratégicos ao produtor com indicadores baseados na legislação brasileira, protocolos de boas práticas e em princípios globais de sustentabilidade.
Sobre o GTPS
Com uma agenda positiva, o GTPS busca o desenvolvimento de uma pecuária sustentável, baseada no equilíbrio dos pilares social, econômico e ambiental. O Grupo foi a primeira mesa a tratar deste tema no mundo, e inspirou a criação de outras mesas nacionais, além da mesa global, o GRSB. Para promover a afirmativa de que é possível produzir carne com a manutenção da biodiversidade, o GTPS faz uso de ferramentas práticas, aplicáveis ao cenário brasileiro, fundamentadas em indicadores, cuja base está nos princípios da transparência e do diálogo para promover o seu desenvolvimento. Uma entidade sem fins lucrativos, formada por mais de 50 associados de seis elos da cadeia produtiva: produtores, insumos e serviços, indústrias, varejos e restaurantes, sociedade civil e instituições financeiras.